quarta-feira, 24 de março de 2010

Filosofia e realidade

Tudo o que pensamos a respeito da vida, conduta, moral, etc pode ser englobado como parte de um conjunto que chamamos de filosofia. São as diversas filosofias que regem nossas vidas, que regem nossa postura diante das situações colocadas a nossa frente. Mas é engraçado como, por mais que refinemos nossas filosofias, por mais que passemos horas pensando e teorizando nossas filosofias a fim de torná-las perfeitas, na realidade, tudo pode dar errado. Dessa maneira acabamos nos frustrando e, na pior das hipóteses, cair em desgraça. Acabamos nos contrariando sozinhos pois a realidade acaba nos pegando de surpresa e agimos como se nunca tivéssemos pensado naquele assunto.

É para este ponto que quero chamar a atenção. Porque acabamos caindo em contradição mesmo depois de formar uma opinião tão sólida sobre determinados assuntos? Convenhamos que todos caimos em contradição uma vez ou outra e não é de se admirar que entremos em crise quando isto acontece. Se faz necessário pensar sobre isto de forma a entender este processo. Tenho aqui uma alternativa para tal fenômeno.

Vamos partir da física como ferramenta de exemplificação para o que quero explicar. Lembra daquelas "formulinhas" de física que você usava no colegial para descrever o trajeto de um corpo qualquer? tipo um ponto? Ou então aquelas fórmulas de eletrostática, de mecânica estática, etc? Pois é... aquelas fórmulas, sinto lhe dizer, são mentirosas. Elas não descrevem a realidade e jamais o farão de fato. É verdade que, graças àquelas fórmulas muitos problemas foram resolvidos, muitos carros se tornaram mais seguros, muitos prédios deixaram de cair, muitos postes de energia passaram a funcionar.

Mas acontece que aquelas fórmulas descrevem somente uma parte da realidade... aquela parte que nos interessa. Para a física quântica, por exemplo, estas fórmulas já não funcionam. A partir da física quântica as coisas se tornaram mais complexas e essas fórmulas não atendiam à necessidade de complexidade desta nova realidade, ou seja, elas eram muito SIMPLES! Se pensarmos bem, nem mesmo a física quântica é capaz de chegar na realidade, apesar de chegar mais perto que a física clássica.

O que quero dizer com isto é que o homem entende melhor o mundo de maneira simplificada. Se não fosse assim, não haveria necessidade da criação de fórmulas matemáticas que simplificassem a realidade para melhor compreensão da mesma. As informações chegam ao nosso cérebro de maneira bagunçada e confusa. Graças a grande capacidade de organização e simplificação dessas informações somos capazes de entender o mundo.

O mesmo acontece com nossas filosofias de vida. Como temos a tendência de simplificar as coisas para poder entendê-las, então é isto mesmo que fazemos. Encontramos uma problemática na nossa vida que nos faz pensar. A partir disto criamos uma teoria sobre a problemática. Esta teoria, por si só, já é uma simplificação da realidade pois, se não fosse, não teríamos como entender o problema. Como esta teoria não representa a realidade em cem por cento então estamos sujeitos ao erro.

É então que acontece a grande frustração. Passamos pela mesma problemática e surpresa! Nada do que você pensou como sendo certo funcionou. E pior, acabamos até agindo de maneira completamente diferente daquilo que teorizamos ser o correto! Então, depois de passada a crise, descobrimos que a teoria não funcionou e precisamos de outro modelo, outra simplificação. Parecia perfeito não? Mas não era. Desde o começo a teoria passou muito longe da realidade pois é assim que as teorias funcionam. Elas são apenas uma pequena parte da realidade, uma simplificação.

Finalmente criamos outra teoria sobre o mesmo problema. Mas a antiga teoria não vira lixo. Nunca foi lixo. Você só é capaz de criar uma nova filosofia melhor graças a antiga filosofia, aquela que não funcionou. Você cria a sua nova filosofia baseado na antiga. E assim se completa o ciclo. Mais para frente você se frustrará novamente mas, teoricamente, terá menos chances de errar.

É claro que isso não passa de uma teoria.